Um roteiro para conhecer um sem número de vinícolas, comer muito
galeto e percorrer uma estradinha do século 19, cheia de construções de
pedra e madeira
FONTE: http://viajeaqui.abril.com.br
por Fernando Leite
Pórtico de entrada da cidade de Bento Gonçalves (RS), que tem o formato de um barril de vinho
O pórtico de entrada da cidade em forma de um barril de vinho não deixa dúvidas:
Bento Gonçalves (RS) respira ares dionísicos, recebendo o título de principal região vitivinícola do país.
A cidade pode não ter o charme de
Gramado,
mas a imigração italiana deixou legados, seja na simpatia de seus
moradores, na intensa produção de vinhos ou nos restaurantes dominados
por massas e galetos.
Veja abaixo uma sugestão de roteiro turistico de dois dias pela cidade de Bento Gonçalves.
Dia 1: vinícolas, vinícolas e mais vinícolas
Vinho é a palavra de ordem em Bento Gonçalves e para se dar bem no seu
roteiro valem algumas recomendações. Primeira: tome um desjejum
reforçado e saia do hotel com o estômago bem cheio, afinal, nesse dia,
você visitará um número considerável de
vinícolas.
Segunda dica: como os deslocamentos serão constantes, o uso do carro é
fundamental. Vale a pena visitar vinícolas, demais atrações e
restaurantes com o veículo próprio ou alugar um automóvel – ter a
disposição um chofer de táxi pode representar uma pequena fortuna.
O primeiro dia será quase todo dedicado ao
Vale dos Vinhedos, uma rota próxima ao centro da cidade que representa o grosso das vinícolas da região. Gigantes do setor, como
Miolo e
Casa Valduga
dividem espaço com as pequenas cantinas, que produzem vinhos de forma
bem mais artesanal. Conversar com esses produtores deixarão seu dia bem
mais rico.
A grosso modo, a visita normal a uma cantina inclui a apresentação da
empresa, tour por todos os processos de produção, finalizando com a
degustação de vinhos e espumantes. E aqui cabe outra dica importante:
para não voltar para o hotel trançando as pernas, peça um balde para
cuspir a bebida. É o único caso em que uma cusparada não será falta de
educação.
Iniciando os trabalhos, rume para a maior vinícola do Centro de Bento
Gonçalves, impreterivelmente às 8h15, pois o dia será bem corrido.
Fundada em 1931, a
Cooperativa Vinícola Aurora
é uma das maiores do setor e tem um divertido tour. Moças vestidas a
caráter conduzem os visitantes por túneis e corredores subterrâneos
repletos de barricas. Só não perca muito tempo na degustação: você terá
muitas vinícolas para visitar e os produtos oferecidos estão entre os
mais pobres da Aurora.
Do pórtico de entrada, siga por 3 km pela RS-470, sentido
Garibaldi,
até o trevo de entrada do Vale dos Vinhedos. Embora não seja
necessário, se preferir pare no posto de informações turísticas para
pegar um mapa da rota que, basicamente consiste de duas vias principais
(Estrada do Vinho e Via Trento) com suas ramificações.
Vastos e pequenos parreirais são observados a cada curva da bucólica estrada. O primeiro pit stop pode ser feito na
Vallontano,
uma vinícola pequena que possui um charmoso café na entrada. Após
degustar os vinhos, um expresso misturado com grappa cai como uma luva.
Colado na Vallontano, 12 tipos de queijos são encontrados na
Queijaria Valbrenta.
Além de acompanhar o processo de fabricação, você pode provar queijos,
como o de nozes. Não saia de lá sem experimentar o salame de javali.
Em seguida, faça um desvio na Linha 8 da Graciema (uma das ramificações
da estrada principal) para degustar os ótimos vinhos da
Don Laurindo,
que pratica uma política comum das grandes vinícolas: cobra entrada,
que pode ser revertida em produtos. Se tiver bala na agulha, recheie sua
adega com o Gran Reserva, um dos melhores vinhos nacionais.
Próxima parada:
Miolo.
Reserve ao menos uma hora para conhecer a famosa vinícola. Enólogos
conduzem os turistas primeiramente aos parreirais. A jornada segue toda a
etapa de produção até chegar ao gran finale: uma diferenciada
degustação em que você escolhe o tipo de vinho que deseja experimentar:
branco, tinto leve, tinto encorpado...
Como é praxe, gigantes e vinícolas butiques se alternam na estrada. Praticamente do outro lado da cerca, a
Lidio Carraro
é daquelas em que o bate-papo com os produtores viram uma aula de
história sobre Bento Gonçalves e as uvas. Com direito ainda a
experimentar o excelente tannat meticulosamente elaborado pela família.
Finalmente, a feliz hora de rechear o estômago com algo sólido que não seja pão. No início da Via Trento, o restaurante
Casa Madeira
funciona até as 15h, tem perdiz e codorna como carros-chefes e é famoso
pela venda de um suco de uva menos ácido que a média. Como você ainda
vai comer muita ave na sua passagem por Bento, um filé mignon pode cair
bem. Tudo, claro, servido com um molho à base de vinho tinto.
Depois da pausa para o almoço, mais degustação de vinhos. A tradicional
Casa Valduga
talvez tenha o melhor esquema de visitas. Aliás, dentro da vinícola
funciona uma pousada e dois restaurantes. Seu diferencial é um vídeo de
apresentação no início e um minicurso de degustação ministrado no final.
A lojinha não é feita só de vinhos. Taças, acessórios, geleias e sucos
de uva estão expostos nas prateleiras.
Próxima parada: o
Vivatto Parque,
um programa dois em um. Externamente, passeia-se no extenso gramado ao
lado das ruínas de uma capela de 1876. Dentro da casa, marcas
conceituadas como Tramontina e uma loja de chocolate artesanal com itens
do mundo inteiro realizam o sonho de quem não dispensa uma boa
comprinha.
Após tamanha intensidade, tome um bom banho e descanse um pouco para se
recuperar da maratona. Que ainda tem um trecho final para lá de
saboroso. Fechando os trabalhos, nada mais típico do que se fartar em
uma galeteria. Estrelado pelo GUIA BRASIL, o restaurante
Casa di Paolo está instalado em uma réplica de um castelo medieval, na estrada para
Garibaldi.
Uma primorosa sopa de capelete prenuncia a inesquecível jornada. A
partir daí, garçons vão deixando (e repondo) sobre a mesa salada de
almeirão, queijo a dorê, massas caseiras, polenta e o famoso galeto
marinado em ervas por aproximadamente 12 horas. Não tem jeito, você vai
dormir pesado. Mas feliz que só.
Dia 2: um roteiro pela "Toscana brasileira"
Ainda de ressaca pela jornada do dia anterior? Sem exagerar muito, hoje
o despertar pode ser um pouco mais tardio. O período matutino será todo
dedicado a explorar os primórdios de Bento Gonçalves, época em que a
cidade ainda era a Colônia Dona Isabel.
No final do século 19, a então estrada para
Caxias do Sul
começou a receber inúmeras construções de pedra e madeira. Eram os
imigrantes italianos fincando seu lugar no solo e dando início à
próspera Colônia São Pedro. Há cerca de 20 anos, as casas foram
restauradas, resultando no roteiro
Caminhos de Pedra, passeio imperdível para quem gosta de história, compras e gastronomia.
O trecho da estrada nem é muito longo - apenas sete quilômetros - mas
avista-se pelo menos 61 construções (13 delas são casas comerciais com
visita interna). O velocímetro do carro dificilmente ultrapassará os 40
km/h. É um passeio para ser feito sem pressa. Assim como no Vale dos
Vinhedos, você pode pegar um mapa no posto de informações turísticas na
entrada do roteiro (nesse caso, o mapa é cobrado). Para deixar o passeio
ainda mais rico, considere contratar um guia.
Invariavelmente a primeira parada será na
Casa dos Doces Predebon, uma simpática construção de tijolos. No porão da propriedade, o visitante degustará doces de várias frutas.
"Il Cantuccio del Pomodoro e della Gasosa", ou simplesmente,
Casa do Tomate. A construção está tão bem restaurada que parece recente. Aqui, o
pomodoro é a estrela principal. Geleias, sucos e pasmem, até cerveja reforçam o portfólio da empresa.
A
Casa da Ovelha é diversão certa para toda a família.
Enquanto os adultos conhecem a produção e degustam os fortes queijos
caprinos, a criançada pode acompanhar a tosquia ou a ordenha dos
animaizinhos. Nem todas as construções são originárias do local.
A vizinha
Casa das Massas e Artesanato estava em outra
cidade e foi trazida para cá na época do lançamento do roteiro, caindo
como uma luva no contexto da estrada. É missão das mais difíceis não
encher o porta-malas do carro com tortéi, capeletti e biscoitos
italianos.
Você sabia que uma das construções chegou até a indiretamente concorrer ao Oscar? Quem assistiu ao filme
O Quatrilho vai reconhecer a
Cantina Strapazzon como um dos cenários. Na
Casa da Erva-Mate, é possível comprar os ingredientes para fazer chimarrão e aprender a sorver da tradicional bebida dos pampas.
Bento Gonçalves tem quatro grandes vinícolas: Miolo, Casa Valduga, Aurora e
Salton.
Falta conhecer essa última para completar a coleção. Pegue a RS-470 no
sentido Veranópolis e entre no trevo de Tuiuty. A visita da Salton é
aquela em que você acompanha o nervoso cotidiano de uma vinícola mais de
perto: parece menos um tour turístico. Você caminhará por uma passarela
sobre a linha de produção. No final, será brindado com uma portentosa
degustação, repleta de espumantes.
Principal rio da região vinícola, o
Rio das Antas
marca a paisagem desse trecho da cidade. Com o fim da tarde chegando,
que tal ir até o mirante do quilômetro 201 da RS-470 e ver uma das
inúmeras ferraduras do rio, além de uma bela ponte em arco?
É difícil, mas resista à tentação de um segundo galeto e vá jantar
dentro de uma vinícola. Pequeno restaurante dentro da Casa Valduga, o
menu do
Luiz Valduga
é alterado mensalmente. A sequência inclui entrada, dois pratos
principais e sobremesa. Detalhes importantes: é necessário reservar e a
cozinha fecha às 21h.
Se você tem mais dias na cidade:
- Faça o
passeio de maria-fumaça até Carlos Barbosa.
O visual é meio monótono, mas há apresentações típicas e degustação de
produtos da Serra Gaúcha durante o percurso. Aliás, com crianças
pequenas talvez seja mais interessante fazê-lo no lugar do Vale dos
Vinhedos ou do Caminhos de Pedra.
- Adeptos de esportes radicais podem soltar sua adrenalina em um
rafting no Rio das Antas.
- Visite a
Epopeia Italiana, onde atores trajados com roupas de época contam a história da imigração italiana.
- Explore ainda mais as vinícolas da região, visitando os distritos de
Pinto Bandeira e
Faria Lemos, além da vizinha
Garibaldi.

Vista geral da
vinícola Miolo, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS)

O Vale dos Vinhedos é uma região produtora de vinhos no Rio Grande do
Sul, e grande parte do território das vinícolas fica em Bento Gonçalves
(RS)

O
passeio pela vinícola Casa Valduga começa com um vídeo sobre o lugar, passa pela linha de produção e termina na degustação

Turistas visitam a vinícola
Casa Miolo, no Vale dos Vinhedos

Que visita a
Vinícola Salton,
em Bento Gonçalves (RS), pode ver as caves que acomodam até seis
milhões de garrafas, a linha de produção e a área de vinificação

A quantidade de tonéis de carvalho da vinícola Salton, em Bento Gonçalves (RS), impressiona os visitantes

Galeto Al Primo Canto, uma das especialidades do restaurante estrelado pelo GUIA QUATRO RODAS
Casa Di Paolo, em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul

Mesa do restaurante
Casa di Paolo, em Bento Gonçalves (RS), que serve rodízio de galeto e tem uma estrela - indicação de boa cozinha - no GUIA QUATRO RODAS
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