Veja como conhecer Veneza como deve ser conhecida
por Rosana Zakabi
Cartões-postais sem multidões, deliciosas tavernas, lindos prédios
escondidinhos, lojas com máscaras de carnaval genuínas: assim pode ser a
sua visita a Veneza!
A missa das 11h aos domingos, na Basilica di Santa Maria della Salute, é perfeita para se redimir dos pecadilhos gastronômicos
A Ponte dos Suspiros, um dos maiores símbolos de expiação na histórica Veneza dos doges
Na Ponte dos Suspiros, em Veneza. Tá vendo algum outro turista por perto?
Passar vergonha na Piazza San Marco. Sim, vale até correr atrás dos pombos. Deus perdoa
Ca’Macana, onde Kubrick achou máscaras originais
Bom mesmo é ir ao Cafè Florian depois das 16h, quando as excursões já bateram em retirada
Ambiente interno do Caffè Florian, que funciona desde 1720 na Piazza San Marco - uma das mais famosas praças da Itália
Escadaria do Palácio Contarini del Bovolo
Skyline, bar no alto do hotel Hilton Molino Stucky
No happy hour, a bebida mais consumida, principalmente no verão, é o
spritz: feito com Aperol, água com gás, prosecco e laranja, o drink está
em todas as mesas de Veneza
Veneza foi a minha sétima parada numa viagem de um mês pela Itália.
Cheguei debaixo de muita chuva, e um vento cortante dava a sensação
térmica de um dia rigoroso de inverno, apesar de ser final de primavera.
“Vi no noticiário que não chove desse jeito há anos. Eu nunca tinha
visto uma chuva assim desde que cheguei”, disse minha amiga paulista
Laura Brunello, moradora da cidade por cinco anos e minha guia pelos
dias seguintes.
Foi graças a ela que conheci o lado B da “Sereníssima”, a
Veneza segundo os venezianos. Claro que as principais atrações são merecidamente incontornáveis: a
Piazza San Marco e sua suntuosa basílica; o
Palazzo Ducale, que foi sede da República Veneziana e residência dos doges; as românticas gôndolas que atravessam os canais.
Mas há muita coisa bacana que passa despercebida pela maioria dos
embevecidos turistas de primeira viagem. Divido aqui, com você, alguns
segredos e um punhado de macetes que aprendi para aproveitar até o sumo
tudo o que cidade tem de melhor – e olha que é muita coisa.
Pecadilhos e expiação
Tem muita gente que passa apenas um ou dois dias na cidade – ou menos
ainda: fica só algumas horas, a bordo de algum cruzeiro (Veneza recebe
vários deles, diariamente). É um desperdício. O ideal é ficar no mínimo
quatro dias para ver os principais cartões-postais e depois sair
explorando o lugar mais a fundo.
Por volta das 17h, quando termina o expediente, um dos programas favoritos dos venezianos é o
giro dei bacari,
ou seja: percorrer as bacari (tavernas) mais badaladas, que ficam
escondidas no aparentemente infinito emaranhado de vielas estreitas.
Laura me levou a várias, entre elas a Osteria Alla Ciurna (Calle
Galeazza 406, San Polo), com petiscos ótimos, e a
Bancogiro, de comida caseira.
Neles, além de provar almôndega e sardinha assadas, tomei muito spritz,
o drinque feito com Aperol (ou Campari), espumante e água com gás. É a
cerveja dos locais: todo mundo bebe, o tempo todo. “Se quiser se sentir
como um veneziano, tem de tomar”, dizia Laura. Prefiro vinho tinto, mas o
spritz combinava com o clima festivo dos botecos.
Mais uma pequena manha para mergulhar nos costumes gastronômicos
venezianos: ir, por volta das 9 da manhã, ao mercado de Rialto (ao lado
da Ponte Rialto), onde donas de casa e chefs compram frutas, legumes,
peixes e futos do mar. Também vale visitar a
Pasticcerie Nobile
por volta das 17h30. Os venezianos de juízo costumam dar uma passada
nessa doceria (que existe desde 1902) na saída do trabalho, para comprar
bolos e bolachas amanteigadas.
Depois de tanto pecado da gula, só rezando. E, aos domingos, às 11h,
muitos vão à missa na Igreja Santa Maria della Salute (Campo della
Salute 1). Erguida no século 17, tem quadros de Tintoretto e Ticiano.
Nos cartões-postais
A Piazza San Marco é uma espécie de Times Square italiana. Principal
atração de Veneza, fica lotada até debaixo de frio e chuva. O lugar
recebe, por dia, mais de 50 mil turistas de todo o planeta. As filas
quilométricas que se formam na porta da Basilica di San Marco desanimam
até o visitante mais entusiasta. Mas até que dá, sim, para driblar a
multidão e aproveitar alguns desses arrasa-quarteirões do turismo
mundial, sem tanta gente brigando pelo metro quadrado, mais ou menos
como um turista vip. Anote aí algumas pequenas técnicas:
• O horário de pico na Piazza San Marco é entre as 10h e as 15h,
período em que os cruzeiros ficam atracados no porto e as excursões de
city tour invadem a praça. Chegar antes das 10 não é bom negócio,
porque, nesse horário, muita coisa ainda estará fechada. A boa é
aparecer por ali por volta das 4 da tarde, quando o lugar começa a
esvaziar, e ícones, como o
Caffè Florian, um dos mais famosos cafés da Itália, com mesinhas ao ar livre, continuam funcionando a todo vapor.
• A Basilica di San Marco fica cheia o dia inteiro. Então, que tal
visitá-la à noite, depois que ela fecha ao público? Em setembro de 2013,
a empresa italiana
Walks of Italy
lançou esse passeio exclusivo para grupos de no máximo 12 visitantes
(guia incluído). Dura hora e meia e custa € 79 por pessoa. Para agendar,
vá ao site e veja as datas disponíveis para fazer a reserva.
• Uma das melhores maneiras de apreciar a arquitetura veneziana é pela
água, a bordo dos vaporettos, os barcos-ônibus que circulam pelos
canais. O problema é que, durante o dia, tem tanta gente neles que não
dá pra ver nem sequer uma fresta de paisagem da janela. A pedida é
embarcar após as 18h, quando estão bem mais vazios. “O circuito ideal é o
do vaporetto número 1, que sai da Piazzale Roma”, ensina o escritor
americano Durant Imboden, autor do excelente blog
Venice for Visitors.
“Siga até a parada San Marco-San Zaccaria, já no fim do Grande Canal.
Durante os 40 minutos de trajeto, você verá dezenas de palácios
construídos entre os séculos 12 e 18”, explica ele.
• Bem perto da Piazza San Marco (cinco minutos a pé) ficam dois
segredos mais ou menos bem guardados pelos venezianos. Um deles é o
Casino Venier (Ponte dei Bareteri 4939). O prédio de 1750 abriga, hoje, a
sede da associação cultural Alliance Française, e está aberto à
visitação (grátis). Ali dentro você pode conhecer os salões com móveis
de época, espelhos de Murano nas paredes e afrescos no teto. Outro é o
Palácio Contarini del Bovolo, localizado no fim da Rua Locande, num
pátio entre ruas labirínticas. “Sem indicação, pouca gente consegue
chegar ali”, diz o carioca Marco Pozzana, diretor do site
Veneza-Itália.
A grande atração do lugar: a Scada Contarini del Bovolo, uma linda
escadaria gótica em espiral. Atualmente, não dá para subir e ver a
cidade através de seus arcos, porque ela está passando por uma
restauração. Mas ver o prédio já é um superachado.
A Piazza San Marco, uma das praças mais famosas da Itália
Manual de sobrevivência em Veneza
► É proibido fazer piquenique na Piazza San Marco. Comer sentado nos degraus da basílica também não é permitido.
► Quase todas as praças têm fontes de água potável. Dá para abastecer sua garrafa numa delas.
► Em vez de comprar o bilhete unitário do vaporetto (€ 7), é melhor
adquirir um passe. O de 24 horas custa € 20, e o de uma semana, € 50.
► A acqua alta, enchente que toma as ruas de Veneza, costuma
acontecer entre novembro e dezembro. Se pretende visitar a cidade nessa
época do ano, é bom ficar ligado na previsão do tempo para evitar
transtornos.
Descobertas de Kubrick
O climão onírico de Veneza deve muito às máscaras de carnaval que
enfeitam as vitrines das lojas espalhadas por suas ruelas. Feitas de
papel machê em vários formatos, cheias de brilho e pompa, assustadoras
até, elas são suvenires perfeitinhos para levar para casa. Nos últimos
anos, porém, os chineses invadiram e lotaram os estabelecimentos com
réplicas baratas de cerâmica e de plástico.
Pois vale a pena gastar um pouco mais (cerca de € 30 por unidade) numa
das dez oficinas artesanais que sobrevivem na cidade. As máscaras da
famosa
Il Canovaccio apareceram no filme "De Olhos Bem Fechados", de Stanley Kubrick. O diretor também teria comprado artigos na apaixonante
Ca’Macana,
um lugar com fantasias expostas e ateliê no fundo. Ali dá para
acompanhar o processo de produção e até dar pitacos. E o Laboratorio
Artigiano Maschere (Barbaria delle Tole, Castello 6657), uma das
oficinas mais antigas, tem máscaras de papel machê e couro.
Vale a pena pagar mais caro pelas máscaras originais de Veneza
A noite é uma criança
A Sereníssima sempre foi conhecida como um lugar avesso a grandes
baladas, onde a noite é low-profle e nada segue madrugada adentro. Pois
essa característica começou a mudar de três anos para cá, com a abertura
de casas. Uma das mais quentes é o bar El Sbarlefo San Pantalon
(Dorsoduro 3757), inaugurado em agosto de 2013 em um beco de Dorsoduro.
Num ambiente elegante, com luzes de neon amarelas, tem petiscos, boa
variedade de rótulos de vinho e jazz ou rock ao vivo nos fins de semana.
Seguindo o mesmo ritmo, outros bares também passaram a funcionar após a meia-noite. O
Skyline,
no terraço do hotel Hilton Molino Stucky, fica aberto até a 1h nessa
época do ano. É melhor chegar por volta das 5 da tarde, assistir ao pôr
do sol e se deliciar com os coquetéis (desde € 16).
E a
Enoiteca Mascareta,
das mais populares, garante o agito até pelo menos as 2h. É ali que
chefs e funcionários dos restaurantes se reúnem depois do trabalho e
compartilham uma garrafa de vinho acompanhada de porções de salame ou
peixe defumado.
A onda do glamour
Vários hotéis chiquetês foram abertos de um ano para cá na região do
Grande Canal. Ficam em palacetes alucinantes, têm conforto de sobra e,
em troca, cobram diárias que começam em € 440 e podem passar de € 1 000.
O mais glamouroso é o
Palazzo Gritti, reaberto em 2013 após uma reforma de € 35 milhões.
O edifício foi construído em 1525 para ser residência do doge Andrea
Gritti, o governante de Veneza na época. Entre seus ilustres hóspedes
está o escritor Ernest Hemingway, que costumava se referir ao local como
“o melhor hotel em uma cidade de ótimos hotéis”. Os 82 quartos são
decorados com antiguidades venezianas e luminárias de vidro de Murano
feitas à mão.
Instalado em um palácio do século 16, o
Aman Canal Grande, inaugurado em abril de 2013, é intimista, com apenas 24 aposentos. E o
Luna Hotel Baglioni
é o mais novo deles. Lançado em maio de 2014, tem quartos suntuosos,
com banheiros de mármore de Carrara, lustres, janelões e terraço para o
Grande Canal.
Mais dicas para curtir Veneza
O POINT DOS ESTUDANTES – O Campo Santa Margherita é
uma praça onde os jovens se encontram à noite para tomar spritz. Ali, os
barzinhos mais animados são o
Caffè Rosso e o
Orange.
Hospedar-se na região também é um bom negócio para quem quer gastar
menos. Há diversos hostels e bed & breakfast arrumadinhos, com
precinhos bem bons.
DE CAIAQUE – Jeito alternativo de conhecer a cidade:
de caiaque, oras. São € 90 por meio dia de passeio, enquanto 40 minutos
de gôndola custam € 80. Dá para navegar por onde quiser (sempre
orientado por um guia), inclusive por canais menores, em que não podem
entrar barcos motorizados. E, sim, é preciso ter preparo físico e
experiência básica em remo. Quem aluga: a
Venice kayak.
Então pensando em programar aquela viagem para a Itália. Consulte já a Macaé Turismo.
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